quarta-feira, 8 de abril de 2009

Manifesto

APENAS COMEÇAMOS!

Em 2008 os estudantes da UnB mostraram que é preciso lutar e é possível vencer. Diante de uma forte crise institucional, na qual a Reitoria estava sob forte investigação por suspeitas de corrupção e a universidade mergulhada em um abismo antidemocrático, os estudantes foram capazes de lutar pelas mudanças necessárias. A ocupação da Reitoria enfrentou a corrupção, impulsionou a discussão do financiamento da universidade, questionou a proposta de expansão sem qualidade e ampliou a participação estudantil nas decisões. A paridade nas eleições para Reitor e vice-reitor, o aumento das bolsas, o fim da taxa de formatura, a volta das festas no campus foram algumas das grandes conquistas que os estudantes foram capazes de protagonizar e onde o DCE teve papel fundamental nesse processo.


“Se muito vale o já feito, mais vale o que será”


Com muitas vitórias e os estudantes retomando uma posição de participação em todas as esferas temos que nos preparar para enfrentar os problemas que ainda existem na universidade pública. Com o estouro da crise econômica em nível internacional a educação foi a primeira área a ser atacada pelo governo, com um corte de 1,2 Bilhão nas verbas destinadas a essa área. Outra medida que reflete a crise é a restrição ao direto à meia-entrada que dificultará o acesso à cultura e ao lazer pela juventude. Infelizmente para alguns coletivos estudantis, um DCE que discute temas tão importantes como este “está no mundo da lua” ou “só faz um blábláblá”. Sabemos que não é assim porque esse corte será parte do cotidiano do estudante, pois reduzirá em 40% a verba de custeio da UnB (verba que mantém muitos dos gastos que permitem a UnB funcionar).

Nesse semestre já enfrentamos vários problemas, como o atraso nos concursos para professores, a matrícula teve recorde de disciplinas sem professor, o famoso “A designar”. Quem vai designar e quando? Isto é reflexo no atraso da agenda de concursos e da expansão não planejada e sem qualidade. Na Ceilândia os estudantes têm os laboratórios fechados porque não tem luz. Em Planaltina não tem espaço para os centros acadêmicos, falta espaço para salas de aula o que também acontece no campus Darcy Ribeiro - cerca de 6% de disciplinas sem sala de aula. Na CEU (Casa do Estudante) a Administração quer fazer a reforma da moradia e não estabelece um diálogo com os moradores e sua associação fazendo propostas de moradia provisória que não garante a dignidade mínima aos moradores.


"Educação não é mercadoria”

A UnB, que enfrentou muitos problemas na discussão sobre seu financiamento, agora quer que o estudante pague a conta através da ampliação dos cursos pagos e o fortalecimento das fundações ditas de apoio que funcionam como porta das empresas privadas nas universidades públicas. No nosso cotidiano temos, por exemplo, a FINATEC que tem uma grande verba, mas prioriza investimentos que não condizem com sua finalidade, o que resultou em casos como a mobília e a decoração de 470 mil reais no apartamento funcional do ex-Reitor. Defendemos o descredenciamento gradativo das fundações e o fortalecimento do investimento público na educação.


“Expansão só com garantia de qualidade”

Atualmente podemos ver concretamente as contradições da expansão sem qualidade, discussão e planejamento que a UnB está incluída. Teve início com o REUNI, no qual nem o ANDES-SN (Sindicato dos Docentes do Ensino Superior) e nem os estudantes foram chamados para discutir. Uma expansão que pretende ampliar as já precárias condições da universidade pública sem aumentar na proporção necessária o investimento. No nosso cotidiano é possível ver o caos da matrícula, a falta de professores, falta de estrutura nas salas de aula, falta de salas de aula, falta de livros, estrutura de biblioteca, falta espaço e condições para moradia, não há estrutura suficiente para alimentação no R.U e muitos outros problemas. Nós defendemos uma expansão de qualidade da UnB e a construção de um novo projeto de expansão com verbas, planejamento e mais participação e engajamento na comunidade universitária para a discussão.


“Paz sem voz não é paz, é medo”

Nos últimos dez anos, a UnB foi marcada por gestões que tentaram suprimir a participação estudantil. As eleições para Reitor tinham um peso de 70% para os professores enquanto os estudantes e servidores tinham peso de apenas 15%. Os estudantes lutaram e conseguiram avançar com a aprovação da paridade potencial nas últimas eleições para Reitor, onde os estudantes tiveram recorde de comparecimento nas urnas. Hoje vários cursos têm participação de estudantes nos colegiados. O estudante está mais fortalecido, mas ainda há muito a ser feito. Nós temos que lutar por Conselhos e colegiados Paritários, pela instituição do Congresso Estatuinte Paritário, quando poderemos rediscutir o regimento e as formas de participação dos três segmentos nas decisões da UnB. Em nosso cotidiano isso significa opinarmos sobre a lista de oferta das matrículas, atuarmos na construção do dia a dia das decisões dos nossos cursos e de nossa universidade.


O DCE no rumo certo: Independente e na luta cotidiana do estudante

Com tantos desafios, com uma situação de crise e ataques à educação pública, com tantas contradições que vivemos na UnB, nós só conseguiremos avançar nas conquistas se continuarmos lutando em defesa da UnB e em defesa da universidade pública brasileira. O DCE-UnB entrou o ano de 2009 mais representativo, mais forte e como uma das entidades estudantis mais importantes do Brasil porque conseguiu fortalecer o segmento estudantil e garantir muitas conquistas. Porém, só conseguiremos fortalecer ainda mais nossa entidade se tivermos uma gestão capaz de se manter independente da Reitoria, e atuar a partir dos interesses e do cotidiano dos estudantes. Precisamos avançar nas conquistas dos estudantes e um DCE participativo, representativo e de luta é fundamental para continuarmos a luta em defesa da UnB!

UnB é um espaço rico de cultura, festas, exposições, seminários, expressões artísticas de todos os estilos e o movimento estudantil deve valorizar e ampliar estes espaços no cotidiano da universidade. No DCE lutamos contra a repressão das festas o campus e minhocão, e hoje os CA’s podem fazer suas atividades, happy hours, festas e eventos porque estes espaços também são nossos!

Queremos um DCE criativo, capaz de responder às necessidades e as discussões que nossa sociedade enfrenta atualmente. O movimento estudantil também precisa debater as várias opressões que nos deparamos hoje como a homofobia, o machismo e o racismo. Não dá para ficarmos calados tentando apenas reconstruir esse cotidiano, ou apenas reproduzi-lo! A universidade deve ser o espaço onde discutimos estas temáticas e nos organizamos para enfrentá-las, transformando-as e sendo transformados.

* Apenas Começamos na defesa da Universidade Pública, gratuita, laica, de qualidade e a serviço de uma sociedade mais justa.
* Em defesa da UnB!
* Em defesa de uma expansão de qualidade. Não ao Reuni, pela construção democrática um novo projeto de expansão!
* Por garantia de verbas para a assistência estudantil.
* Por um DCE independente que atue no cotidiano dos estudantes!
* Fortalecer o DCE para fortalecer a luta dos estudantes da UnB!
* Pela garantia ao direito da meia-entrada

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